Júlio Miragaya – Conselheiro do Conselho Federal de Economia

Os últimos dados referentes ao endividamento dos brasileiros apontaram um leve recuo em julho, revelando que 63,5% das famílias têm alguma dívida. Trata-se de um percentual um pouco abaixo do registrado em junho, embora ligeiramente acima do verificado em julho de 2012. Do total de endividados, apenas 21% estão muito endividados, ou seja, 79% têm grau reduzido de endividamento.

O percentual da dívida sobre a renda, contudo, aumentou. Segundo dados do Banco Central, entre janeiro de 2010 e abril de 2013, o montante da dívida em relação à renda anual das famílias passou de 35,8% para 44,25%, aumento de 23,5%. Deve-se registrar, contudo, que o avanço se deu, sobretudo, no crédito imobiliário, que cresceu 104,5% no período, especialmente em função do maior acesso da população à casa própria, motivado pelo elevado alcance do programa Minha Casa, Minha Vida. Em contrapartida, as demais dívidas cresceram apenas 4,8%.

A melhoria no perfil da dívida dos brasileiros também é constatada quando se compara sua composição entre dezembro de 2004 e dezembro de 2012, ainda de acordo com dados do Banco Central. Aquelas que poderíamos chamar de “dívidas mais saudáveis”, casos do crédito imobiliário e do crédito consignado, aumentaram suas participações na dívida total de 12% para 25% e de 6% para 18%, respectivamente. Financiamento de veículos e crédito pessoal passaram de 22% e 14% para 18% e 7%, nessa ordem. No outro extremo, o total da dívida com cartões de crédito e cheque especial, os grandes vilões dos juros exorbitantes, caiu de 44% para 31%.

Por fim, deve-se lembrar que a dívida das famílias brasileiras corresponde a 30% do PIB do País, percentual infinitamente inferior ao registrado nos EUA, onde alcança incríveis 80%, cerca de US$ 12 trilhões.

05 de setembro de 2013, Jornal de Brasília