Júlio Miragaya, Presidente da CODEPLAN

O xingamento proferido à presidente Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa em São Paulo gerou, dada a grosseria do ato, o repúdio da maior parte da população brasileira, não obstante a manifestação oportunista dos dois principais candidatos de oposição. Inicialmente, é crucial ressaltar que não foram os brasileiros, nem os paulistas e tampouco os paulistanos que a xingaram, mesmo porque a maioria destes elegeu há 20 meses, como prefeito da cidade, um candidato do partido da presidente.

Conforme amplamente noticiado pela mídia, o xingamento partiu de pessoas na área vip do estádio, ou seja, da “elite” paulistana, um segmento inconformado com os rumos do País. Não se tratou apenas de má educação ou de grosseria, mas também de uma manifestação de inconformismo de uma “turma ” que defende que o governo conceda subsídios à gasolina, mas não tolera o Bolsa Família e, tampouco, gosta de verex – pobres disputando espaço nos saguões dos aeroportos e nas ruas de nossas cidades com seus carros populares. Para essa “turma”, o conceito de pátria restringe-se à seleção de futebol, sendo a busca de uma maior coesão social algo desprezível.

Mas, felizmente o Brasil é muito maior que essa “elite ” egoísta e reacionária. Segundo dados da PNAD, foram criados 1,77 milhão de novos empregos no País entre o primeiro trimestre de 2013 e o de 2014, e a taxa de desemprego caiu de 8,0% para7,1%. Ainda segundo a PNAD, exatamente metade das novas vagas foram ocupadas por trabalhadores com Ensino Superior completo, deforma que 52% dos ocupados atuais possuem Ensino Médio completo ou superior, percentual que era de apenas32% em 2002. Com o Minha Casa Minha Vida, os financiamentos com recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), segundo a Câmara Brasileira da Construção (CBIC), saltaram de R$ 2 bilhões em 2002 para R$ 120 bilhões em 2013.

Em suma, enquanto o Brasil avança, a “elite” xinga.

Jornal de Brasília,19.06.2014